No viés do viver, iniciamos caminhos; caminhos com atalhos, de escolhas mais rápidas para chegar a um destino. Reposta ao viajante mascate: – Na segunda porteira o senhor vai ver a árvore de jacá e logo ali está a casa da Dona Clementina: tenho certeza de que irá gostar dos tecidos.
No viés do tecido é possível colocar um enfeite diferente, ou melhor, bordar a gola da camisa, por exemplo. Um percurso que remete à famosa técnica Sashiko (estilo de bordado japonês em ponto corrente, usando linha branca sobre um tecido azul escuro). É a simplicidade desse ponto que faz a beleza do bordar o Sashiko). Os vieses unem os tecidos e acomodam no nosso corpo o conforto, a fluidez e a elegância.

Nos corpos envelhecidos é possível ver a satisfação, a aceitação e perceber beleza, aliada à autoestima diante do espelho. Eu vejo assim: de cara com a minha velhice, continuo bonita e consciente da minha finitude. Mas, como gosto de me enfeitar e deixar meu cotidiano com enfeitamento, fico feliz e com brilho nos olhos pelo banquete que a vida me oferece!
Homenagem a Giorgio Armani

Faleceu aos 91 anos (trabalhando), revolucionou o vestuário masculino e feminino. Deixou um império que vai além das roupas, ou melhor, entra nos vieses da existência, criando figurinos para mais de 200 filmes. Sua contribuição nos diz que é possível sonhar pela tela do filme e transformar o dia a dia também com os perfumes, roupas, hotéis, restaurantes e cosméticos. Construiu um legado de elegância atemporal: mesmo velho, é possível (re) criar a beleza de cada ser!
E isso é consagrado pela canção de Sergio Reis – “Panela Velha”, composição: Moraezinho em parceria com Auri Silvestre
[…] Não interessa se ela é coroa. Panela velha é que faz comida boa […]
(Suely Tonarque é psicóloga, gerontóloga e especialista em moda no envelhecer
